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Dia da Consciência Negra

Dia da Consciência Negra – 20 de Novembro 
                                                                por Enilda Suzart
 
Se Mário de Andrade estivesse por aqui hoje, tenho a certeza que ele iria entender todas as mazelas que ficaram pendentes no longo percurso da nossa conturbada história[1]. Uma historia que foi construída sobre larga escala de preconceitos patriarcais e religiosos cristãos[2], desde os porões dos navios negreiros, conduzidos pelos europeus. Seqüestraram milhões de pessoas a partir do século XV e as descarregaram aqui, na Terra de Santa Cruz, a carga humana e negra iniciando-se a propagação do grande conceito cultural embasado nas ideologias das ciências eurocêntricas, hegemônicas e conseqüentemente brancas pulverizando os meios intelectuais acadêmicos produzindo e perpetuando a ideologia da mestiçagem e da mentirosa igualdade racial[3].

Tenho a certeza que ele não iria fechar os seus olhos para as desigualdades sociais[4] e sabiamente iria entender os diversos segmentos que não se renderam. Que lutam buscando construir políticas as quais conscientizem e contemplem a grande maioria da nossa juventude que, segundo o IBGE, é afro e pobre ficando à margem, totalmente discriminada ao longo dos séculos[5]

Provavelmente Osvald de Andrade discursaria nas praças públicas sobre a necessidade de se reconhecer o egoísmo e a perversão das elites brasileiras, mais especificamente as elites paulistas conservadoras, que descaradamente exigem hoje, a redução da maioridade penal, num Brasil seqüelado pelo racismo velado[6] e pela opressão étnica e social. Elites que tentam provar a sua branca inocência, sem o menor pudor, escondendo-se atrás da sua própria incompetência, sob os conceitos de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freire[7].

Tarcila do Amaral com certeza iria sensibilizar-se ao ver a força da arte, exposta nos muros da Paulicéia Desvairada de Mário, demonstrando a resistência na expressão do grafite. Ela compararia essa arte com Os Retirantes, de Cândido Portinari e reconheceria publicamente a sutileza da obra na construção das políticas de embranquecimento ocorridas lá atrás, no século XIX, com a chegada dos imigrantes italianos. Depois ela se deliciaria com a apresentação do Break, em frente ao Teatro Municipal, presenteado pelas meninas da Cidade Tiradentes e de Diadema. Sentiria até vontade de aprender aqueles rodopios fantásticos e após sentir o seu sangue ferver por todo o seu corpo, rolaria no chão, num louco frenesi.


Vila Lobos iria mais longe: muito provavelmente seguiria o seu instinto musical, a sua sensibilidade e freqüentaria a Galeria Olido, ali na São João. Tentando conhecer as novas tendências do Rap nacional, para sentir a afro inspiração das batidas dos sons inseridas pelos DJs. Convidaria Anita Mafalti e juntos entenderiam que a sociedade afro brasileira está gostando de olhar-se nos espelhos, conscientizando-se e resistindo há mais de 500 anos, de todas as seqüelas que lhes foram impostas[8]

Os dois amigos concluiriam que mesmo perdurando as catequeses cristãs e a perversão da colonização sistematicamente planejada, teimando em somar os seus acúmulos capitalistas de mercado, as mudanças históricas e os guetos já transformaram tudo isso em resistência através da Arte Urbana. Perplexos sentindo as bruscas e intermináveis contradições sociais, nossos heróis da cultura nacional, decidiriam então por um passeio noturno andando a pé, pelo centro varando a madrugada. Optariam por participar, é claro, da Virada Cultural[9], promovida pela prefeitura dessa Cidade.

Por fim já conscientizados, convidariam todos os/as outros/as – eles/as, artistas e intelectuais que participaram da Semana de 1922[10]. E juntos/as se misturariam à juventude “calejada” da periferia e se renderiam enfeitiçados/as aos dialetos e aos símbolos do Hip Hop. E numa grande homenagem, em plena Praça da Sé se uniriam num “Salve” àqueles que representam hoje a maior forma de resistência[11] da arte Hip Hop musical, urbana e negra. Emocionados/as e embalados/as pelas batidas do Rap artisticamente direcionadas pelo mano, KL Jay[12] veriam entrar em cena os poetas urbanos, fortemente armados com os seus microfones e a sua inteligência afro aguçada: os Racionais Mc’s[13].

Os/as nossos/as personagens sairiam então enlouquecidos no meio da multidão jovem, dançando e cantando junto com o Mano Brawn[14], tido como símbolo maior que há décadas representa a fala da juventude afro descendente, mas sem permissão para o acesso à cidadania, pelas elites dominantes. E antes que a polícia chegasse com os seus cassetetes e seus fuzis, atirando balas de borracha para todos os lados[15], todos/as cantariam eufóricos/as entusiasmados/as, numa só voz o Negro Drama[16].


[1] CHAUÍ, Marilena. Brasil Mito fundador e sociedade autoritária, ed. Fundação Perseu Abramo. 6ª impressão.[2] BAUER, Carlos. Breve história da mulher no mundo ocidental; ed. Pulsar, 2001.[3] SANTOS, RUFINO Joel, O que é racismo? col. Primeiros Passos. Brasiliense. 3ª ed. 1981.[4] Edição Especial Zumbi + 10, revista CUT São Paulo, ano 2, nº 7, novembro 2005, págs.20,21,22,23,26,27,44, artigos diversos.[5] Site: http://www.social.org.br/relatorio2001/relatorio020.htm[6] Turra, Cleusa; Venturi, Gustavo - organizadores. Racismo Cordial – a mais completa análise sobre o preconceito de cor no Brasil. Folha de SãoPaulo / Datafolha, ed. Ática, 1995.[7] Revista do Brasil. Igualdade na Raça. Entrevista cedida pelo professor e escritor Kabengele Munanga que atua no Centro de estudos Africanos da USP. Discriminação Positiva, por Flávio Aguiar, em 11/2006.[8] Idem.[9] www1.folha.uol.com.br/folha/[10] www.suapesquisa.com/artesliteratura/semana22[11] RACIONAIS M’CS. A História do Capão Redondo, álbum: Mil Trutas, Mil Tretas, 2008.[12] http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/por-que-um-certo-mano-brown-superior-cristo[13] Idem (Mil Trutas, Mil Tretas).[14] Ibídem[15] www.noticiario-periferico.com/.../matria-carta-capital-mano-brown-o-outro.html[16] M’cs, RACIONAIS, Álbum Mil Trutas Mil Tretas, 2008.

Texto enviado pela professora Enilda
Fotos do Google





















Um comentário:

lari .: disse...

Rolei a barra Lateral somente para olhar as fotos. Depois de ler o texto rolei a barra lateral novamente, Mas as imagens tomaram outro significado.
Não eram mais somente pessoas bonitas em que me reconheci (sou negra). As pessoas tinham um significado bem maior. Tinham uma cultura.

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" Milagres acontecem quando a gente vai à luta"
(Poeta Sérgio Vaz)


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(Albert Einsten)


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